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PMs são condenados por caso de tortura e afastados de seus cargos no Piauí

policia militar

Seis policiais militares foram condenados por envolvimento em um caso de tortura contra um suspeito de roubo em São Raimundo Nonato no ano de 2017.Em entrevista ao g1 nesta terça-feira (19), a Corregedoria da Polícia Militar do Piauí (PMPI) disse que ainda não recebeu oficialmente a sentença condenatória para iniciar um processo disciplinar, mas eles já foram afastados de suas funções.

Os policiais são: cabo Mário Sérgio Bezerra de Sousa, cabo Jardelson Rodrigues Maia, soldado Antônio Afonso Batista e Silva, soldado Luiz Daniel da Silva Sousa, cabo Lucas Bruno de Moura Fernandes e capitão Ivanaldo Santos Silva.

Cinco policiais foram condenados por tortura direta e receberam pena de 2 anos e 4 meses de reclusão, em regime aberto. Além do afastamento do cargo, eles também estão proibidos de exercer funções públicas por 4 anos e 8 meses.

O sexto policial, capitão Ivanaldo, que era subcomandante da PM de São Raimundo Nonato, foi condenado a 1 ano de detenção, também em regime aberto. A pena foi convertida em prestação de serviços à comunidade, com carga de 7 horas semanais durante o período de um ano.

O coronel Newmarcos Pessoa Basílio, corregedor da Polícia Militar, informou que eles ficarão afastados de suas funções até a conclusão do processo.

“Ainda não chegou oficialmente à Corregedoria a sentença. Após a chegada oficial é que as providências legais serão tomadas. Existe todo um processo disciplinar para a exclusão. Portanto, não temos nada a declarar no momento. No entanto, sentença judicial se cumpre”, explicou o coronel.

O exame de corpo de delito confirmou lesões na vítima: um edema traumático no cotovelo esquerdo e escoriações de 11 centímetros no lábio inferior. Apesar de negarem as agressões, os policiais admitiram ter participado da prisão e condução do homem.

A Justiça entendeu que houve violência física e psicológica com o objetivo de obter confissões, caracterizando o crime de tortura. A condenação aconteceu no dia 21 de julho e cabe recurso.

Entenda o caso

O crime aconteceu em 15 de abril de 2017, em São Raimundo Nonato, no Piauí. A vítima era suspeita de furtos na região. Segundo a denúncia, confirmada por provas no processo, ele foi agredido por policiais militares durante e após sua prisão.

Agressões na casa do avô

Conforme o processo, por volta das 10h, o suspeito foi preso na residência de seu avô em São Raimundo Nonato. Durante a prisão, os policiais Luiz Daniel, Antônio Afonso, Lucas Bruno e Jardelson iniciaram as agressões com chutes nas costas e pernas, além de tapas no rosto.

Segundo o testemunho do avô, seu neto foi puxado de debaixo da cama, levou um soco nas costas e caiu no chão, sendo pisoteado pelos militares. A vítima afirmou que já estava algemada quando continuou sendo agredida com socos na cabeça e chutes.

Tortura no batalhão

Após a prisão, segundo a decisão de sentença, o suspeito de roubo foi levado ao 11º Batalhão da Polícia Militar (11º BPM), onde as agressões continuaram. Os policiais colocaram um saco plástico com spray de pimenta sobre sua cabeça e ameaçaram: “ou vai entregar ou vai morrer”.

Eles também incitaram uma cachorra a atacá-lo, retirando o animal quando se aproximava. A vítima desmaiou e foi acordada com chutes e tapas no rosto. Em seu testemunho, o homem relatou que foi ameaçado de ser levado para a serra e baleado pelas costas.

Violência durante o transporte

Segundo o documento, no trajeto para a delegacia, a vítima foi levada até a saída da cidade de Canto do Buriti. Um carro vermelho, de passeio, com o capitão Ivanaldo, parou ao lado da viatura. Ele perguntou à vítima se entregaria os pertences e a arma.

Em seguida, o cabo Jardelson voltou a usar o saco plástico na cabeça da vítima, na presença do capitão. A vítima relatou que Ivanaldo ordenou que os policiais dessem um “arrocho” e que o cabo Mário Sérgio o agrediu com uma cotovelada na boca.

Mais agressões na delegacia

Na delegacia, o homem torturado voltou a ser sufocado com uma sacola plástica pelo cabo Jardelson, novamente na presença do capitão Ivanaldo. Testemunhas que estavam detidas no local, incluindo o tio da vítima, confirmaram as agressões.

Consta no documento de sentença que o tio relatou que viu o cabo Mário Sérgio e outro policial agredindo as partes íntimas da vítima, colocando saco plástico em sua cabeça e aplicando spray de pimenta. Segundo a Justiça, as agressões tinham como objetivo forçar a vítima a confessar crimes.

Fonte: G1 Piauí

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