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Conheça a história da Quadrilha Junina

A quadrilha junina, matuta ou caipira é uma dança típica das festas juninas, dançada, principalmente, na região Nordeste do Brasil. É originária de velhas danças populares de áreas rurais da França (Normandia) e da Inglaterra. Foi introduzida no Brasil, mais precisamente no Rio de Janeiro, possivelmente em 1820, por membros da elite imperial.

 

Durante o Império, a quadrilha era a dança preferida para abrir os bailes da Corte. Depois se popularizou saindo dos salões palacianos para as ruas e clubes populares, com o povo assimilando a sua coreografia aristocrática e dando-lhe novas características e nomes regionais.

 

No sertão do Nordeste encontrou um colorido especial, associando-se à música, aos fogos de artifícios e à comida da Região. Como as coreografias eram indicadas em francês, o povo repetindo certas palavras ou frases levou também à folclorização das marcações aportuguesadas do francês, o que deu origem aomatutês, mistura do linguajar matuto com o francês, que caracteriza a maioria dos passos da quadrilha junina.

 

A criatividade popular encarregou-se de acrescentar novos passos como Olha a chuva! É mentira, A Ponte quebrou, Nova ponte, Caminho da roça e também outros figurantes como os do casamento matuto: o noivo e a noiva, o padre, o pai da noiva, o sacristão, o juiz e o delegado. O casamento matuto, hoje associado à quadrilha é a representação onde os jovens debocham com malícia da instituição do casamento, da severidade dos pais, do sexo pré-nupcial e suas conseqüências, do machismo. O enredo é quase sempre o mesmo com poucas variantes: a noiva fica grávida antes do casamento e os pais obrigam o noiva a casar. Este se recusa, sendo necessário a intervenção da polícia. O casamento é realizado com o padre e o juiz, sob as garantias do delegado e até de soldados. A quadrilha é o baile em comemoração ao casamento. O enredo é desenvolvido em linguagem alegórica, satirizando a situação com humor e carregando no sotaque do interior.

 

Os passos e a movimentação dos pares da quadrilha em subgrupo, rodas, filas, travessias e outras figurações são ensaiados nos fins de tarde ou à noite, durante os fins de semana do período preparatório.

 

O marcador da quadrilha, que anuncia os passos, poderá ou não fazer parte da dança. É escolhido entre os mais experientes membros do grupo ou é uma pessoa convidada para esse fim.

Rapazes e moças em fila indiana vestidos com roupas típicas do matuto do interior , em pares alternados, braços para baixo, colocam-se frente a frente (vis a vis) aguardam a música da orquestra, que é normalmente composta por zabumba ou bombo, sanfona e triângulo e que o marcador comece a gritar a quadrilha: Anavantur (em avant tout) – anarriê (em derrière) – balancê (balancer) – travessê de cavalheiros (travesser)) – travessê de damas – travessê geral – granmuliné – otrefoá (autrefois) – grande roda – damas ao centro – damas à direta e cavalheiros à esquerda e vice-versa – preparar para a cesta – olha a cesta – desmanchar – grande roda à esquerda – passeio na roça – avanço de damas e cavalheiros – preparar para a chuva – é mentira – olha a chuva – choveu – passou – seus lugares. Balancê – moinho – lacinho do amor à direita e à esquerda – seus lugares – balancê – preparar um pequeno galope – balancê – anavantur – preparar o grande túnel – começar – anarriê – seus lugares. Balancê – preparar para o grande galope – começar – desmanchar – balancê – passeio a dois – retournê – seus lugares. Anavantur – anarriê – passeio na roça pelo meio – damas para um lado – anavantur – preparar para o serrote – passeio na roça com roda – passeio do amor à esquerda – retournê – seus lugares. Preparar para o desfile – primeiro as damas – agora os cavalheiros – seus lugares – preparar para o galope – começar – seus lugares. Changê de damas – changê de cavalheiros – anavantur – anarriê – balancê – grande roda – preparar para o granchê – começar – retournê, grande roda à direita e à esquerda – preparar para o túnel – começar – grande roda – balancê na grande roda – preparar para o caracol – começar – retirê – c’est fini.

 

Há atualmente uma nova forma de expressão junina, a quadrilha estilizada, que não é uma quadrilha matuta, mas um grupo de dança que tem uma coreografia própria, com passos criados exclusivamente para a música escolhida, como num corpo de balé. O grupo incorpora alguns personagens como Lampião, Maria Bonita, sinhôzinho, espanholas e ciganos. Os seus trajes lembram roupas típicas do folclore dos pampas gaúchos.

 

Por Arnaldo Magalhães

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